Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) nasceu desse processo e segue, desde a sua criação, lutando pelos ideais democráticos
Foi Karl Max quem disse que “a história se repete como tragédia ou como farsa”. Nada mais apropriado lembrar desta citação na data que marca os 60 anos do Golpe Militar no Brasil.
Os eventos que desencadearam 20 anos de ditadura no país guardam muitas semelhanças com a nossa história recente. À época, o discurso vigente de uma elite conservadora trazia em sua narrativa como o fantasma do comunismo pairava sobre a nação brasileira e que o único caminho para salvar os brasileiros era tomar o poder.
A elite brasileira da época encontrou apoio da classe política, igualmente conservadora, e dos militares para consumar o golpe. Por 20 anos, o Brasil esteve sob o obscuro comando de governos que trouxeram destruição e morte.
Nesse período sombrio, todos os direitos foram negados, milhares de pessoas foram torturadas e mortas e a economia sangrou, gerando desemprego e a fome.
Da retomada da democracia, em meados de 1985, sob a luta valente de homens e mulheres que não se deixaram vencer pelo medo, até os nossos dias, parece que pouca coisa mudou.
O avanço do conservadorismo e da extrema direita no Brasil mostrou que a nossa jovem democracia ainda não está segura. A eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, é uma prova disso.
O discurso que permeou a nação guarda muitas semelhanças com a narrativa de 1964. O fantasma do comunismo era, de novo, o inimigo a ser combatido pelos ditos cidadãos de bem. Tal qual nos anos 60, a elite brasileira acha apoio de políticos contrários a qualquer avanço progressista e também tem como amparo uma meia de generais saudosistas de um tempo que, de fato, não passou por completo.
Bolsonaro ganhou a eleição daquele ano nas urnas, é bem verdade. Para garantir a votação vitoriosa, no entanto, utilizou-se do medo como discurso principal e introduziu de forma violenta a era da fake news.
No governo, Bolsonaro fez o que pode para acabar com direitos sociais e trabalhistas. Foi contra tudo que era em benefício do povo brasileiro em sua diversidade. O estrago só não foi maior porque ele teve, no meio do caminho, uma terrível pandemia que ceifou milhares de vidas.
Em 2022, o enredo se repete, mas com uma dose maior de violência. O discurso e a mentiras são mais agressivas e o flerte com um novo golpe de Estado se torna maior e mais escancarado. A derrota do bolsonarismo nas urnas coloca o Brasil em estado de alerta para as ações que Bolsonaro tomaria.
Hoje temos provas do quanto ele tentou colocar em prática o plano de tomar o poder a qualquer preço. Faltaram, felizmente, apoios importantes e estratégicos para que a sandice bolsonarista fosse levada adiante.
Ainda assim, a narrativa criada por Bolsonaro nos deixou como legado o fatídico 8 de janeiro. Envenenados com mentiras e medo, milhares de pessoas tentam, também de modo violento, impor a vitória do derrotado.
Os golpistas agridem e depredam os patrimônios públicos clamando pelo passado que tentamos deixar apenas nos livros de história. Tivemos, nesse caso, a sorte de um governo competente e ágil, que usou exatamente as quatro linhas da Constituição para colocar esse bando de insanos no seu devido lugar: a cadeia.
No entanto, não podemos achar que essa sanha golpista chegou ao fim. O Congresso brasileiro ainda tem uma quantidade expressiva de filhotes da ditadura, assim como os estados são governados por expoentes do bolsonarismo. Brasil afora milhares de prefeitos e vereadores ainda seguem firmemente a cartilha do retrocesso.
É preciso que estejamos sempre em alerta contra aqueles que ousam desafiar a democracia. Temos que nos munir de conhecimento e força para combater quem buscar o caminho da retirada de direitos, de imposição daquilo que é moral e de costume.
Os movimentos sociais e sindicais têm um compromisso histórico com o processo democrático. Estiveram nas trincheiras da luta contra a ditadura e, agora, seguem na linha de frente em defesa da democracia.
A Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) nasceu desse processo e segue, desde a sua criação, lutando pelos ideais democráticos. Nessa data tão importante de ser lembrada, a direção da entidade reafirma seu compromisso e luta pela democracia hoje, amanhã e sempre!
Direção FEM-CUT/SP