FEM-CUT/SP destaca a importância da data, mas aponta que o governo de Tarcísio de Freitas precisa se empenhar em políticas públicas para a população negra
O Dia da Consciência Negra agora é feriado estadual. A proposta de autoria do deputado estadual, o metalúrgico Teonilio Barba (PT), aprovada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em agosto, foi sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas na semana passada.
Barba lembra que o primeiro projeto do seu mandato sancionado pelo governo do estado e afirma que a luta contra o racismo segue firme. “É a primeira vez que temos um projeto sancionado em nove anos de mandato. Representa uma dívida do Estado brasileiro, dos estados da federação, com o nosso povo preto. Reconhecer o tema é um gesto importante do governador”.
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma homenagem à memória de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra à escravização no Brasil. Embora a data esteja presente no calendário oficial desde 2011, não é considerada um feriado nacional.
O feriado proporcionará à população a oportunidade de refletir sobre a luta contra o racismo e celebrar a contribuição significativa da comunidade negra para a construção da sociedade brasileira, destaca o deputado Barba.
Para o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), Erick Silva, a data é apenas parte da luta. “Ficamos felizes que esse projeto tão importante do deputado Barba tenha sido sancionado. Mas é preciso mais do que isso, o governo do estado tem que se empenhar em políticas públicas que, de fato, façam a diferença na vida da população negra. Precisamos avançar cada vez no combate ao racismo em todos os espaços e a FEM-CUT/SP está empenhada nessa luta”.
CUT/SP cobra políticas públicas
A secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida, celebra a conquista, mas faz uma reflexão sobre a aprovação do feriado de 20 de novembro na cidade de São Paulo, comparando-o com a histórica Lei Áurea. Segundo Rosana, embora tenha havido essa conquista, a situação atual ainda é marcada por políticas que perpetuam a violência e o extermínio da população negra.
“Apesar da aprovação do feriado, o governador Tarcísio tem negligenciado de forma estarrecedora as questões de segurança pública, como evidenciado no trágico episódio das mortes por intervenção policial na Operação Escudo, na cidade do Guarujá (SP) neste ano, que ceifou a vida de mais de 20 pessoas, incluindo jovens negros. Até quando o estado vai continuar dando as costas para a população negra, seu governador? É inadmissível que, em vez de cuidar, esteja contribuindo para a perpetuação da violência e o extermínio do povo pobre e preto”, afirma.
Esse comparativo feito por Rosana Aparecida destaca a importância de não apenas reconhecer datas significativas na luta contra o racismo, mas também de implementar ações consistentes para combater as desigualdades raciais em todos os níveis da sociedade. “O governador poderia apresentar junto com a oficialização do feriado uma série de políticas públicas voltadas à população pobre, preta e periférica. Só o feriado não basta para reparar a dívida com o nosso povo, queremos mais”, conclui.
Com informação da CUT/SP