Trabalhadores, movimentos sociais e empresários têm cobrado Campos Neto pela redução da Selic
A taxa básica de juros, a Selic, finalmente teve uma pequena queda depois de três anos. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou na noite desta quarta-feira, 2, a redução da taxa em 0,5%, que agora passa para 13,25% ao ano.
A taxa básica de juros estava em 13,75% desde agosto do ano passado e vinha sendo fortemente criticada pelo governo federal, movimento sindical e pelo mercado financeiro. O Banco Central disse, na nota divulgada ontem, que é possível haver novas reduções. O órgão se reúne a cada 45 dias.
Ainda assim, o Brasil continua sendo o país com a maior taxa de juros real do mundo, de 7,54%. Para chegar a esse cálculo, usa a taxa de juro atual descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Para a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), a redução é pequena e não resolve a situação, principalmente para a indústria automobilística, como aponta o presidente da entidade, Erick Silva.
“O corte de 0,5% é melhor do que nada e ajuda em alguns segmentos. No entanto, para a produção de veículos comerciais, caminhões e ônibus, não resolve o problema. As montadoras estão trabalhando com semanas reduzidas, layoff e férias coletivas, prejudicando os trabalhadores e isso impacta em toda a cadeia produtiva. É preciso baixar mais a taxa de juros para surtir efeito em todos os segmentos da indústria”, afirma Erick.
Max Pinho, secretário-geral da Federação, enfatiza que a mobilização por uma redução ainda maior na Selic vai continuar. “Nossa pergunta é: se os membros do Copom já tinham elementos que justificavam essa possibilidade, por que não baixaram antes? O Brasil está em outro momento, com investimentos e programas importantes que impactam positivamente a economia, a inflação sob controle e o ministro Fernando Haddad vem conduzindo um bom diálogo econômico. Então, precisamos de um Banco Central comprometido com a reconstrução do Brasil”.
Ele também destaca que a pressão organizada pelos movimentos sindicais e sociais deu resultado. “Na base da FEM-CUT, no estado de São Paulo, nossos dirigentes estão mobilizados nas ruas, nas fábricas e nas redes sociais, cobrando a redução da taxa e também a saída de Campos Neto do Banco Central. Já começou a dar certo e lutando por avanços, para que a política do banco esteja em sintonia com as medidas de desenvolvimento econômico do governo federal”.
Sobre a Selic
A Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é a principal medida de juros usada pelo Banco Central. Ela influencia todas as outras taxas brasileiras. Na prática, quando a taxa Selic sobe ou se mantém em patamares altos, os empréstimos, financiamentos e investimentos tendem a ficar mais caros. O Banco Central usa a Taxa Selic para controlar a inflação, estimulando ou desestimulando o consumo.
Confira algumas das mobilizações realizadas pelos dirigentes da FEM-CUT/SP.
Imprensa FEM-CUT/SP