Modelo contribui na organização dos trabalhadores dentro da empresa e facilita as negociações com os patrões
*Redação CUT/SP
No último dia 2 de julho, trabalhadores e trabalhadoras na Volkswagen em São Carlos (SP) fizeram assembleia para celebrar os 25 anos da Comissão de Fábrica e as inúmeras conquistas durante este período. A atividade, que contou com a participação de lideranças de diversos sindicatos, também aprovou a criação do Sistema Único de Representação (SUR), organismo que irá agregar as diferentes comissões de trabalhadores na Volks.
Com a criação do SUR, a expectativa será pelo fortalecimento da luta no chão de fábrica, já que passará a existir uma coordenação nas ações da Comissão de Fábrica, da CIPAA e Comissão de PLR, facilitando as negociações com a direção da empresa. Se antes, cada uma dessas comissões atuava de forma independente em suas atribuições, agora passam a ter uma ação unitária.
O metalúrgico e secretário-geral da CUT-SP, Daniel Calazans, esteve presente na assembleia de aprovação da nova forma de organização no local de trabalho e celebrou a iniciativa.
“A partir das experiências que acompanhamos em outras fábricas, temas como segurança, saúde do trabalhador, convênio-médico e odontológico, entre outros benefícios, se tornam pautas do SUR, que atua como uma espécie de conselho, e aponta quais devem ser as melhores estratégias no momento. Isso ajuda a otimizar a luta e a ser mais assertivo”, diz Calazans, que é da Scania, empresa onde o SUR foi implementado em 1996.
Ao longo dos 25 anos da Comissão de Fábrica, os metalúrgicos na Volkswagen de São Carlos tiveram conquistas como a redução da jornada para 40 horas semanais; acordos salariais que são referência no país; acordos de investimentos que garantiram mais empregos; manutenção dos empregos (inclusive durante a pandemia) utilizando medidas como Lay Off, PDV e férias coletivas.
Sempre importante destacar que as ações do SUR, assim como já ocorrem com as comissões, devem sempre estar alinhadas com o Sindicato, que é a representante legítima da categoria. Ou seja, o SUR facilita a organização interna na empresa, fluindo melhor as negociações, mas as decisões finais cabem às assembleias com os trabalhadores realizadas junto com o Sindicato.
Durante a assembleia no dia 2, Vanderlei Strano, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté, reforçou o apoio da entidade à organização da categoria nos locais de trabalho.
“A organização dos trabalhadores na VW é inspiradora para todo líder classista e referência para outras empresas da base. Por isso, parabenizo a organização dos trabalhadores e reafirmo que a direção do Sindicato sempre estará apoiando essas iniciativas”, disse.
André Larocca, dirigente do Sindicato e que encabeça atualmente a Comissão de Fábrica, diz que a proposta de criação do SUR surgiu a partir das experiências bem sucedidas nas fábricas da Volks na Anchieta e em Taubaté.
O dirigente também destaca a autonomia que os representantes do SUR passarão a ter. “O grande diferencial, a partir de agora, é que o SUR dará autonomia plena para o cipeiro atuar. Atualmente, o cipeiro fica preso no ‘pé da maquina’, não conseguindo fazer um trabalho de prevenção ou só fazendo depois que um acidente acontece. Com o SUR, esse trabalhador terá condições e um tempo maior para atuar com a prevenção no local de trabalho”, explica Larocca.
A CUT-SP incentiva e apoia a criação do SUR e de comissões, pois são justamente nos locais de trabalho onde se manifestam os conflitos entre os trabalhadores e os patrões, além de ser um elo direto e diário entre o chão de fábrica com o Sindicato. Presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart também destaca que são por meio desses instrumentos de representação que surgem as novas e futuras lideranças dos sindicatos. “Quando a trabalhadora ou o trabalhador é eleito por seus pares para assumir uma função, ele inicia uma trajetória política em defesa da classe e começa a participar de fóruns e formações, possibilitando o surgimento de novas lideranças sindicais”, afirma o presidente.