Dirigentes da FEM-CUT/SP participaram do lançamento da Comissão e vão levar a experiência para os demais sindicatos filiados à entidade
*Imprensa FEM-CUT/SP
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é a primeira entidade sindical filiada à Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) a constituir uma Comissão LGBTQIAPN+. O lançamento aconteceu no último sábado e contou com a presença de Erick Silva e Josivan Nunes do Vale (Cachoeira), respectivamente presidente e coordenador de Políticas Sociais da FEM-CUT/SP.
A Comissão LGBTQIAPN+ terá como coordenador o metalúrgico Arthur França, trabalhador na Otis. À imprensa FEM-CUT/SP, ele explica que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é reconhecido como a casa dos trabalhadores e havia a necessidade estabelecer uma forma de atingir essa comunidade nas fábricas da categoria.
“Nossa diretoria executiva pediu ajuda a alguns companheiros, que indicaram pessoas LGBTQIAPN+, que já eram engajadas na luta, e assim nasceu o nosso coletivo”, conta.
Para Arthur, a criação da Comissão é importante por dois pontos principais: dar segurança à comunidade LGBTQIAPN+ e formar pessoas contra o preconceito.
“Queremos que a comunidade tenha segurança de saber que estamos ativos e abertos a ouvi-los, a ajudá-los e mediar possíveis discriminações que eles venham a sofrer dentro das suas fábricas, deixá-los com a segurança de que eles podem ser eles mesmos, sem sofrer qualquer represália ou preconceito, e que nós somos um ponto de luz caso isso aconteça”, destaca o coordenador do coletivo.
Ele completa que já vivenciou situações de preconceito, mas entende que, muitas vezes, isso acontece por desconhecimento das pessoas. “As pessoas carecem de conhecimento sobre algumas causas, acredito. Já experienciei muitos companheiros que fazem falas por vezes preconceituosas, porém por desconhecer que são preconceituosas. Existe uma urgência em orientar as pessoas quanto à letramento, história da causa, por quê”, enfatiza ele.
Arthur revela que a Comissão LGBTQIAPN+ vai trabalhar com atividades como rodas de conversas, cinema e reuniões para atrair os trabalhadores e conseguir que o tema não seja tratado como um tabu.
“Quando as pessoas adquirem conhecimento da causa, o tabu quebra e, consequentemente, temos pessoas mais abertas e como num efeito dominó a nossa comunidade irá perder o medo, a vergonha de falarem sobre quem são”, diz.
Ele completa que esse é um desafio a ser vencido no movimento sindical: tratar as questões LGBTQIAPN+ de maneira natural. “A nossa maior meta hoje é, sem dúvidas, transmitir o conhecimento e, caso alguém insista em discriminar, fazer falas preconceituosas, nos levantarmos. A população LGBTQIAPN+ vai começar a perceber que se discriminarem um deles, responderemos todos nós e isso vai dar a nossa população mais segurança”.
Experiência para reproduzir
A Comissão LGBTQIAPN+ do ABC conta com nove pessoas. Entre elas, está Josivan Nunes do Vale (Cachoeira), que também é coordenador do Coletivo de Políticas Sociais da FEM-CUT/SP.
Cachoeira destaca que a constituição da Comissão é um momento histórico para o movimento sindical. Ele enfatiza que fazer parte da Comissão é fundamental para poder difundir a pauta nos demais sindicatos filiados à Federação.
“Temos o objetivo de levar esse diálogo aos demais sindicatos para que possamos agregar conhecimento e termos uma pauta única em prol da comunidade LGBTQIAPN+. Estou muito orgulhoso de fazer parte da Comissão e poder levar esse debate em frente”.
Erick Silva, presidente da FEM-CUT/SP, prestigiou o lançamento da Comissão e enfatiza a importância da iniciativa.
“A construção da Comissão LGBTQIAPN+ é um exemplo, não só para toda base no Estado de São Paulo, mas também para toda classe trabalhadora organizada, para as centrais sindicais, para os movimentos sociais que ainda não entenderam essa demanda por igualdade e por justiça. Então, parabéns aos metalúrgicos do ABC e que a gente consiga seguir em frente, estabelecendo outros coletivos que possam cumprir esse papel”.
Confira as fotos de Adonis Guerra/SMABC