Em plenária virtual realizada no último dia 08 de fevereiro, mais de 50 dirigentes da FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT no estado de SP) e da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT) debateram “Os desafios sindicais para um 2022 DA e PARA a classe trabalhadora”.
O convidado escolhido pelas duas entidades foi o Diretor Técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) – Fausto Augusto Junior e a coordenação da mesa ficou por conta da Diretora de Políticas Sociais da FEM-CUT/SP – Ceres Lucena de Souza Ronquim.
“É muito importante não apenas revogar a Reforma Trabalhista, aprovada no governo de Michel Temer (MDB) e piorada com Jair Bolsonaro (PL), que só retirou direitos e piorou as condições dos trabalhadores brasileiros, mas também superá-la e construir um marco legal que represente o conjunto de 100 milhões de trabalhadores, entre eles os informais”, afirma Fausto Augusto.
Fausto também falou da necessidade de romper um consenso estabelecido no país e pensar o modelo econômico que inclua toda classe trabalhadora. Ele ainda pontuou que é fundamental que inverta essa pauta neoliberal colocada para que a realidade seja transformada.
“A gente não pode esperar crescer pra gerar emprego e renda, é uma outra visão. A gente precisa gerar emprego para o emprego gerar crescimento. E é preciso que a política monetária do Banco Central tenha o nível de emprego como indicador para tomada de decisões,” afirmou.
Fausto ainda lembrou do programa Inovar-Auto, de nacionalização da produção, produtos e investimentos, que foi interrompido com a mudança de governo.
“A gente fez toda uma curva pra tentar trazer o eixo da produção para o Brasil. Com o governo Bolsonaro já perdemos isso para o México. A maior parte das grandes empresas nacionais não existem mais. Quase todas já foram compradas pelo capital internacional ou estão com grande participação de acionistas estrangeiros. Pensar na reindustrialização no Brasil hoje não é o que nós fizemos a partir de 2002, é outra visão de indústria, outra visão de trabalho. Quando falamos em Indústria 4.0 temos que pensar no impacto dela na pequena empresa, que é onde estão metade dos empregos,” concluiu Fausto.

O presidente da FEM-CUT/SP, Erick Silva, citou a discussão que tem sido desenvolvida no Estado de São Paulo a respeito o híbrido etanol.
“É uma proposta que além de movimentar o setor metalúrgico, automotivo e de máquinas, também movimenta o setor químico, agroindustrial, e o setor de energia, porque o etanol é uma opção energética para o Brasil e para o mundo, gerando emprego, renda e desenvolvimento sustentável”, disse.

Já o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres ressaltou o quanto a Reforma Trabalhista, de fato, tem sido prejudicial para o Brasil e a necessidade urgente de sua revogação.
“A reforma trabalhista aponta para a informalidade e negociação direta entre trabalhador e patrão e olha o que aconteceu com o congolês Moise, que foi cobrar direito com o patrão e onde ele está? Morto, assassinado”, disse.

Movimento sindical nas eleições
Os mais de 50 sindicalistas também debateram sobre a participação do movimento sindical nas eleições deste ano e sobre as políticas para desenvolvimento da indústria, com geração de emprego e renda.
Fausto apontou como necessidade primordial a atuação sindical no diálogo com a categoria sobre as eleições deste ano. Segundo ele, é preciso se organizar para mudar, porque um eventual segundo mandato do atual governo traria uma condição ainda pior para o trabalhador e a trabalhadora.
“A gente previa a desestruturação da indústria, o aumento da taxa de desemprego, o aumento da informalidade, ataque aos direitos dos trabalhadores e aos direitos sindicais na eleição de 2018. Isso está acontecendo. Desmontar é muito mais fácil do que montar. Agora, se você consolida o desmonte, aí é a pá de cal. E está muito claro que a classe trabalhadora precisa ter uma base de sustentação para preservar seus direitos em qualquer governo que seja eleito”, disse.
O presidente da FEM-CUT/SP, Erick Silva, falou da força do movimento sindical para a transformação do país e citou que no estado de São Paulo temos importantes nomes para representar o conjunto dos trabalhadores na assembleia legislativa, como os pré-candidatos Leandro Soares de Sorocaba, Herivelto Vela de Pindamonhangaba e o já Deputado Estadual Teonílio Barba, e para a Câmara Federal os pré-candidatos Luiz Marinho, Paulão e o já Deputado Federal Vicentinho.
O presidente da CNM/CUT, que tem 30 anos de movimento sindical e é secretário nacional do Partido dos Trabalhadores, afirmou que após muito diálogo está colocando seu nome como pré-candidato a Deputado Federal para fortalecer a bancada progressista. Ele também falou sobre a importância de ter uma frente parlamentar sindical para discutir reformas e mudanças na legislação trabalhista.
O secretário-geral da FEM/CUT, Max Pinho, disse que debater política com a categoria também é importante para a consciência de classe e consequentemente para melhorar as condições das negociações em defesa dos direitos nas Convenções Coletivas de Trabalho.
“Ao mesmo tempo que há trabalhadores cobrando que o sindicato não tem que se envolver em política, é o momento da gente mostrar o massacre que o povo está sofrendo com seus direitos. Esse ano temos negociações com grupos patronais sobre as cláusulas sociais e econômicas, mas o grande desafio também é pensar uma pauta mais ampla pra toda a classe trabalhadora,” disse.

Mudar é possível e o Congresso é importante
O secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, citou a revogação da Reforma Trabalhista na Espanha e falou da importância de ter uma bancada progressista no Congresso Nacional, além de eleger Lula, um governo de esquerda e de direitos.
“Na Espanha foram 176 votos a favor e 173 contra a revogação. Olha a importância do parlamento, foi uma vitória apertada. Aqui no Brasil, mesmo quando Lula era presidente, não conseguimos discutir redução de jornada por causa do Congresso”, disse ele.

Mulheres e negros na pauta!
A secretária de Mulheres da CNM/CUT, Marli Melo do Nascimento, ressaltou importância de pautar o combate à violência contra a mulher nas propostas de governo.
“O assassinato de mulheres tem aumentado de forma absurda. As delegacias das mulheres não abrem finais de semana, que são os momentos que elas mais sofrem. Se a gente não se apropriar dessa discussão outros movimentos farão”, disse.
A secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Aparecida dos Santos, reforçou o apelo pela pauta contra a violência contra a população negra. Além de Moise, ela citou também o morador negro assassinado na porta de seu condomínio no Rio de Janeiro.
“A gente tem visto tanta barbaridade, que a gente tenha essa capacidade de indignar e ir para o enfrentamento. É preciso mudar esta realidade e um novo governo tem grande responsabilidade nisso”, disse.
Sobre a Plenária
A plenária conjunta abriu o Seminário de Planejamento Estratégico da CNM/CUT, que foi até quarta-feira (9), com o objetivo de fechar de forma coletiva, o último Planejamento deste mandato da CNM para até o final de 2022.
Escrito por: Guilherme Moura/ SindmetalPinda | Editado por: Comunicação FEM-CUT/SP