Reunião ocorreu no vilarejo fronteiriço de Panmunjom, situado na zona desmilitarizada entre os dois países. DIVULGAÇÃO/KOREA.NET
Opera Mundi – O líder da
Coreia do Norte, Kim Jong-un, e seu homólogo do Sul, Moon Jae-in,
comprometeram-se nesta sexta-feira (27/04) a assinar um acordo de
paz para encerrar a guerra na Península ainda durante 2018. Os dois
países estão, ainda, tecnicamente em guerra, já que somente um
armistício foi assinado em 1953.
"Durante este ano que marca o 65º aniversário do armistício,
Coreias do Sul e do Norte concordaram em buscar ativamente reuniões
trilaterais envolvendo as duas Coreias e os Estados Unidos, ou
encontros quadrilaterais envolvendo as duas Coreias, os Estados
Unidos e a China, com o objetivo de declarar o fim da guerra,
transformando o armistício em um tratado de paz e estabelecendo um
regime de paz sólido e permanente", diz o documento assinado pelos
dois.
"Estamos há muito tempo esperando e, agora, percebemos que somos
uma nação, que somos próximos", afirmou Kim, ao comentar a
assinatura da declaração conjunta. "Estamos ligados pelo sangue e
nossos compatriotas não podem viver separados", acrescentou.
A reunião ocorreu no vilarejo fronteiriço de Panmunjom, situado
na zona desmilitarizada entre os dois países. De acordo com o
documento, "o Norte e o Sul vão cooperar ativamente para
estabelecer um sistema de paz permanente e estável na Península
Coreana".
"Os dois líderes solenemente declararam ante 80 milhões de
coreanos e todo o mundo que não vai haver mais guerra na península
da Coreia e que uma nova era de paz começou", diz o texto.
Desnuclearização
Durante a primeira cúpula intercoreana em uma década, os dois
líderes assumiram também o "compromisso de completar a
desnuclearização da Península Coreana", além de reduzir arsenais
convencionais para diminuir as tensões militares e fortalecer a
paz, mas sem entrar em detalhes sobre como isso aconteceria.
No encontro, que durou cerca de duas horas, ambos "falaram sobre
a desnuclearização, estabelecimento da paz na península e sobre
melhoria nas relações" bilaterais, informou o porta-voz da
presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.
Além disso, Kim e Moon Jae-in decidiram organizar um encontro
entre as famílias separadas desde o fim da guerra, há 65 anos,
mantendo o programa "por ocasião do Dia de Libertação Nacional em
15 de agosto deste ano", quando é comemorada a rendição do Japão ao
final da Segunda Guerra Mundial.
Após as discussões na cúpula desta sexta, Kim ainda disse que
ambos os líderes haviam concordado em coordenar de perto o processo
de paz para garantir que não ocorra uma repetição da "história
infeliz" da região, na qual os progressos anteriores "fracassaram".
"Pode haver folga, dificuldades e frustrações", disse ele,
acrescentando que "uma vitória não pode ser alcançada sem dor
Reunião histórica
O encontro entre os dois líderes teve início por volta das 10h15
(horário local) na "Casa da Paz", centro de conferências
administrado por Seul. Após um aperto de mãos, Kim pisou brevemente
no lado norte da fronteira. Logo em seguida, os dois líderes
cruzaram para o lado sul.
Sorridente e em meio a poses para fotos, Kim assinou um livro de
visitantes e escreveu que "uma nova história começa agora, com um
ponto de partida para uma nova era de paz".
O norte-coreano estava acompanhado de sua irmã, Kim Yo-jong. O
presidente da Coreia do Sul, por sua vez, disse que estava "feliz
por conhecê-lo" e ressaltou que o encontro era um "símbolo de paz,
e não mais de divisão".
Kim ainda afirmou que estava tomado pela emoção depois que
atravessou a linha e tornou-se o primeiro governante norte-coreano
a pisar em território sul-coreano desde a guerra da Coreia.
As duas Coreias concordaram também que Moon Jae-in visitará
Pyongyang no próximo outono. Símbolo da Paz Durante o encontro
histórico, Kim e Moon plantaram na zona desmilitarizada um
pinheiro, nascido em 1953, ano em que foi assinado o cessar-fogo
entre os dois países. Na base da árvore foi colocada uma pedra com
os nomes dos líderes, com os dizeres: "plante paz e
prosperidade".
Reações
Trump reagiu pelo Twitter, como de costume. "Depois de um ano
louco de lançamento de mísseis e de testes nucleares, acontece este
encontro histórico entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.
Coisas positivas estão acontecendo, mas só o tempo permitirá de
julgá-las", escreveu o republicano na rede social, acrescentando
que os americanos podem ficar "orgulhosos da evolução da situação
na península coreana".
A Rússia saudou os resultados desta cúpula histórica, destacando
que o presidente Vladimir Putin sempre foi partidário de um diálogo
entre Seul e Pyongyang.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse esperar que a
Coreia do Norte tome medidas concretas em relação aos compromissos
assumidos. Tóquio acrescentou que se manterá em contato com as duas
Coreias e os Estados Unidos.