Dirigentes discutem modelo de organizacao sindical na conjuntura de golpe mesa com Helcio. Foto: Roberto Parizzotti
Por Rafael Silva/ CUT/SP
Sensibilizar os trabalhadores de que
a situação do Brasil poderá se agravar mais caso não tenha um maior
enfrentamento contra as reformas nefastas do governo Temer é um dos
desafios do movimento sindical.
Essa questão foi um dos temas
discutidos nesta segunda-feira (17) durante o ciclo de debates
sobre “Democracia e Fortalecimento do Projeto Político-Organizativo
da CUT”, iniciativa que pretende fortalecer o projeto político e
organizativo da Central Única dos Trabalhadores no estado de São
Paulo.
A atividade, promovida pelas
secretarias de Organização e Política Sindical da CUT-SP, em
parceria com a CUT Nacional, debate a conjuntura política e
econômica nacional, estadual e os cenários e desafios para a
organização sindical da CUT nos dias atuais, em que direitos
conquistados nos últimos anos estão sendo extintos pelos apoiadores
do golpe e que hoje estão no poder.
“Queremos sair deste encontro com um
diagnóstico que vai nos ajudar nos próximos anos. Temos um modelo
organizativo que precisamos pensar se ele dá conta da conjuntura
que vivemos hoje ou não, pois estamos num quadro bastante complexo
da vida dos trabalhadores do Brasil”, disse Ari Arolaldo do
Nascimento, secretário de Organização e Política Sindical da CUT
Brasil.
Papel junto aos
trabalhadores
A atividade também segue resoluções definidas no 12º Congresso
Nacional da CUT (CONCUT), que ocorreu em 2015. “No último congresso
da CUT, saímos com a tarefa de crescer politicamente aqui em São
Paulo. Se a gente fosse fazer uma avaliação hoje (da atuação da
CUT-SP), acredito que cumprimos grande parte do papel que nos foi
delegado, mas sabemos que, por conta da conjuntura, é preciso fazer
ajustes do projeto organizativo da CUT”, afirmou Hélcio Aparecido,
secretário de Organização da CUT-SP.
Já Sônia Auxiliadora, secretária de
Política Sindical da CUT-SP, disse que essa ação pretende ajudar as
entidades no enfrentamento dos ataques aos direitos pelos quais o
Brasil passa. “A importância desse ciclo de debates é justamente
organizar e fortalecer o trabalho dos sindicatos cutistas nesta
atual conjuntura de retrocessos, compreendendo que são importantes
instrumentos da luta da classe trabalhadora”.
Na mesa de abertura, também
participaram Douglas Izzo, presidente da CUT-SP, e Maria Aparecida
Faria, secretária-Geral adjunta da CUT Brasil, que já permaneceram
para o momento seguinte do encontro, contribuindo com uma análise
de conjuntura sobre esse momento de perda de direitos e
criminalização da política e dos movimentos populares.
Douglas Izzo falou sobre as mais
recentes tentativas de Temer de enfraquecer o movimento sindical no
Brasil, que têm feito o enfrentamento e a luta contra as suas
reformas. Citou o fato de o presidente ilegítimo ter colocando em
regime de urgência projeto que limita a realização de greves de
servidores públicos, ter feito a defesa do negociado sobre o
legislado – quando o trabalhador negocia sozinho com o patrão-, e
trazer à tona a discussão sobre o fim do imposto sindical.
Outra questão apontada é a constante
mudança do governo em pontos da reforma da Previdência. “Ele joga
para desmobilizar as categorias, mas ignora que somos classe e que
vamos continuar fazendo o diálogo de classe. Não adianta tirar
parte dos trabalhadores da reforma, pois manteremos nossa
mobilização”, afirmou o dirigente.
Izzo reforçou a agenda de lutas da
entidade para os próximos dias, como a greve geral que ocorrerá no
próximo dia 28 e o ato político do 1º de Maio. “Dia 28 é de greve e
vamos paralisar o Brasil todo por 24 horas, com participação de
todas as categorias cutistas. E no Dia dos Trabalhadores (1º/5)
teremos a grande mobilização e ato político na Avenida
Paulista”.
Em seguida, Maria Aparecida Faria
falou da necessidade de fortalecer o discurso nas bases dos ramos
que integram a entidade, por meio de assembleias e diálogos
individuais. “Os trabalhadores precisam compreender o que está
acontecendo no Brasil e o papel que o sindicato possui nesse
embate. O golpe ainda não se consolidou e o que estamos vendo é um
desmonte total dos movimentos sociais e das instituições deste
país. E agora começaram a criminalizar as centrais sindicais”,
afirmou.
Para ela, é preciso desconstruir o
discurso de “canto da sereia” que o governo impõe nas propagandas,
quando diz que reformas e terceirização ilimitada irão diminuir
custos para gerar empregos. “É um momento delicado, mas temos de
manter a calma para fazer o diálogo com os trabalhadores e mostrar
que precisamos frear as reformas em curso”.
Organização
A parte da tarde, de esclarecimentos sobre leis e orientações que
regem o movimento sindical, foi conduzida por Ari Arolaldo do
Nascimento e a equipe de assessoria da pasta de Organização e
Política Sindical da CUT Brasil. Foram apresentados números da
entidade, que a consolida como a maior central sindical do Brasil,
da América Latina e a 5ª maior do mundo. Presente em todos os ramos
de atividade econômica do país, a CUT tem mais de 3 mil entidades
filiadas e representa 30,40% da base de trabalhadoras e
trabalhadores. A segunda central aparece com 11,38%.
Nesta terça (18), o ciclo de debates
terá continuidade com discussões sobre a parte administrativa dos
sindicatos. A ação é voltada a dirigentes e assessores das
federações, subsedes da CUT-SP e entidades sindicais filiadas.